Infodemia no COVID-19

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INFODEMIA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou uma situação que apelidou de infodemia, ou seja, a epidemia de informação no caso da atual pandemia da COVID-19. A infodemia é caracterizada por um excesso de informações, que nem sempre são precisas, o que torna difícil separar fontes idôneas e confiáveis daquelas que são construídas ou distorcidas pelo público que produz e compartilha opiniões, informações e versões.

Refere-se, portanto, a um aumento no volume de informações associadas a um assunto, que podem se multiplicar em pouco tempo, alastrando-se rapidamente na internet e gerando também rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa.[1] Infodemia denota, portanto, uma epidemia de informações que se espalha, como vírus (viraliza) em notícias associadas a temas, sendo produzidas por fontes não tão confiáveis e geralmente baseadas em interpretações equívocas ou incompletas de pesquisas científicas.

Pode ser tenha por base pesquisas sérias e conduzidas por cientistas criteriosos, veiculadas originariamente por periódicos científicos acreditados, mas, na sua replicação incompleta, podem gerar distorções, sobretudo nas redes e na internet, de informação que ganha popularidade em sínteses e conclusões sensacionalistas e muitas vezes sem maiores critérios.

Lamentavelmente, as pessoas nem sempre têm paciência em se debruçar mais detidamente em material técnico de qualidade, sendo que as informações mais manipuladas, simplificadas e, muitas vezes, sensacionalistas acabam gerando mais interesse e cliques na internet.[2] É com base nesse comportamento, potencializado com as ferramentas analytics, que as informações postadas em blogs e na web acabam usando de títulos cada vez mais distorcidos e sensacionalistas, que provocam mais cliques e atraem, portanto, mais público.

Assim, o excesso de informações imprecisas têm a aptidção de transformar a forma com as pessoas respondem e interpretam informações, gerando uma verdadeira desinformação. Essa perda de objetividade e de factualidade da informação compartilhada pode ter impactos negativos nos comportamentos humanos, principalmente quando a política de contenção do COVID-19 depende da boa compreensão de quais os comportamentos mais aptos, em um dado estado da arte, para evitar a propagação do vírus.


[1] ZAROCOSTAS, J. How to fight an infodemic. The Lancet, 395 (10225), p. 676, 2020.

[2] Neste sentido, evidenciam Diogo Rais e Stela Rocha Sales que existe uma espécie de fetiche sobre a mentira, pois uma advertência de alerta de conteúdo suspeito do Facebook, em vez de afastar a visibilidade do conteúdo, gerou mais atenção do público. Cf. RAIS, Diogo; SALES, Stela Rocha. Fake News, Deepfake e Eleições. In. RAIS, Diogo (coord). Fake News: a conexão entre a desinformação e o direito. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 43.

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